A grande extensão territorial do Pará tem sido um dos
argumentos utilizados para uma divisão desse território e a consequente
formação de dois novos estados, além do atual Pará: Tapajós e Carajás. Os
defensores desse projeto alegam que em razão da extensão paraense, as políticas
públicas não são realizadas com eficácia, e a redução dessa área proporcionaria
administrações mais eficientes.
A realização
de um plebiscito para avaliar a possibilidade de dividir o estado do Pará em
dois novos estados - Carajás e Tapajós - tem gerado polêmica.
Como é o estado do
Pará hoje. Confira aqui.
Como ficará com a
divisão que poderá ocorrer , ou não, após o plebiscito:
A preocupação aumenta quando se
constata que há um grande interesse na exploração dos recursos naturais
paraenses, já que o estado é rico em jazidas minerais e detentor de grandes
áreas florestais.
Texto
de apoio
A divisão do
estado do Pará
Por Tainã Mansani, colaboradora de Outras Palavras
(...) O Congresso Nacional aprovou, em 5 de maio (em sessão esvaziada), a
realização do plebiscito para criação de dois novos Estados oriundos da
subdivisão do Pará: Carajás e Tapajós.
Os interesses
políticos e econômicos, no entanto, ainda não foram esclarecidos. Pior: não se
sabe "para quê" e "para quem" servirá a divisão do atual
estado do Pará.
Atualmente, o Pará é o segundo maior estado do País, atrás apenas do Amazonas.
Trata-se de uma área de 1.247.703 km² com densidade demográfica aproximada em
5,5 habitantes por km². Nesse estado, o PIB per capita é de R$ 4.992 (dado de
2004).
Se aprovado em plebiscito popular, o estado de Carajás contará com uma área aproximada
de 296 mil km² contra mais 700 mil km² de Tapajós. Em percentual de população
Carajás ficaria com cerca de 23% do que é hoje o estado do Pará, e Tapajós 16%.
Carajás, no entanto, herdaria as maiores reservas minerais e empreendimentos da
região.
Mas a questão está mesmo nos recursos naturais presentes nessas áreas - e,
diga-se, não são de pouca monta. Lá está uma das maiores jazidas minerais do
mundo, explorada pela empresa de capital privado Vale (antiga estatal Vale do
Rio Doce, privatizada em maio de 1997 pelo governo de Fernando Henrique
Cardoso).
Com a divisão, as minas de bauxita do Rio Norte (Oriximiná), de Juruti e a
polêmica Usina de Belo Monte (a 40 quilômetros de Altamira) passariam a
pertencer ao estado de Tapajós.
Carajás abocanharia a mina de ferro do município de Parauapebas (maior
produtora de minério de ferro do mundo, explorada pela empresa Vale), as Minas
de cobre em Marabá e Canãa, além de importantes reservas de cobre e níquel. No
Pará restariam as minas de bauxita em Paragominas.
A divisão do estado do Pará, no entanto, não elucida quais as melhorias
imediatas para a população. Além disso, não são explícitos os gastos que a
população deverá pagar pela criação de dois novos aparatos burocráticos - por
baixo, cada deputado custa ao país mais de R$ 100 mil, por ano.
Em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em maio, o doutor em ciência
política, Fernando Luiz Abrucio, esclarece: "o problema é a gestão pública
brasileira
Novas estruturas governamentais replicam os Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário", afirma ele. Logo, geram-se maiores gastos.
(...) O quiproquó político tampouco esclarece os interesses econômicos - de
poucos - na região. A mensagem é "subliminar", mas está no pacote.
Valeria perguntar à população quanto ela quer pagar para ver o público
"virar" privado.
Fontes: O
Estado de São Paulo (07
de maio de 2011, nacional); Folha de S. Paulo (07 de maio de 2011, caderno Poder);
Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia - SEDECT do Estado Pará e
Sepe - Secretaria de Estado de Projetos Estratégicos (Pará).
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Marabá, virtual capital de Carajás, é a quarta
cidade na taxa de assassinatos; Tapajós seria o segundo estado mais pobre - só
perdendo para Roraima