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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Levantes no mundo árabe

Parte 01

Podemos afirmar que um verdadeiro terremoto político e social sacode o mundo islâmico.


1- Tunísia- fim de uma ditadura de 23 anos

Nome Oficial:  República da Tunísia
Governo: República Presidencialista
Divisão administrativa: 24 governadorias
Capital: Túnis
Cidades Principais: Túnis, Sfax, Ariana, Sousse e Ettadhamen.
População: árabes tunisianos (99%) e berberes (1%).
Idioma: árabe (oficial), berbere e francês
Clima: mediterrâneo (invernos frios e verões quentes e secos) na região litorânea e tropical árido no restante do território.
Economia: é diversificada. Depende do turismo, mineração, agricultura, indústria e as exportações para a UE. 

Em 17 de Dezembro, Mohammed Bouazizi, um bacharel desempregado de 26 anos da cidade de Sidi Bouzid, imolou-se pelo fogo numa tentativa de suicídio. Pouco antes,  agentes da polícia tinham apreendido a sua mesa de venda ambulante e confiscado as frutas e legumes que vendia porque ele não tinha uma licença para isso. Morreu 19 dias mais tarde, já em pleno levantamento popular.
Em Tunis, protesto contra o governo da Tunísia – 18/01/2011
Em Tunis, protesto contra o governo da Tunísia
Esse ato desesperado  fez explodir  a frustração geral quanto aos níveis de vida, à corrupção e à falta de liberdade política e de direitos humanos naquele país. Nas quatro semanas seguintes, houveram várias manifestações, com queima de pneus e gritos de palavras de ordem exigindo empregos e liberdade. Os protestos se espalharam a todo o país incluindo a capital, Túnis.
A primeira reação do regime foi endurecer a sua atitude e usar a força brutal. Quanto mais violenta se tornou a repressão policial, mais as pessoas foram ficando furiosas e mais foram para as ruas. Em 28 de Dezembro o presidente fez um primeiro discurso dizendo que os protestos eram organizados por “uma minoria de extremistas e terroristas” e que a lei seria aplicada “com toda a firmeza” para punir os grupos  que protestavam.
No  começo do novo ano, dezenas de milhares de pessoas, manifestavam-se em dezenas de cidades. Sindicatos apelaram à greve do comércio em todo o país,  advogados entraram em greve, paralisando de imediato todo o sistema judicial.
Entretanto, o regime começou a atacar bloguistas, jornalistas, artistas e ativistas políticos. Proibiu todo o tipo de discordância, mesmo nas redes sociais. Mas, após quase 80 mortos pelas forças de segurança, o regime começou a recuar.
Em 13 de Janeiro, Ben Ali fez a sua terceira intervenção televisiva, demitindo o ministro do Interior e anunciando concessões sem precedentes, ao mesmo tempo que prometia não se recandidatar nas eleições de 2014. Também prometeu introduzir mais liberdades na sociedade e investigar as mortes de manifestantes. Porém esta manobra só acirrou   os protestos, e ele fez novo discurso  prometendo novas eleições gerais no prazo de seis meses na esperança de parar os protestos massivos.
Como este truque também não teve resultado satisfatório, impôs o estado de emergência, demitindo todo o governo e ameaçando fazer sair o exército com ordens para matar. Todavia, como o general do exército Rachid Ben Ammar se recusou a ordenar às suas tropas que disparassem contra os manifestantes nas ruas, Ben Ali não teve outra alternativa senão fugir do país e da cólera do seu povo.


Em 14 de Janeiro, ele e os seus colaboradores mais próximos fugiram em quatro helicópteros para a ilha mediterrânica de Malta. Como Malta se recusou a recebê-los, rumaram para a França. Ainda no ar, os franceses fizeram saber que não lhes permitiriam a entrada. Então o avião voltou para trás, para a região do Golfo, até que finalmente foi autorizado a aterrar e foram bem recebidos na Arábia Saudita. 
Sabe-se que,  poucos dias antes de o presidente deposto ter deixado Túnis, a sua mulher, Leila Trabelsi, retirou uma tonelada e meia de ouro do banco central e partira para o Dubai com os filhos. A primeira dama e a família Trabelsi são desprezadas pelo público devido ao seu estilo de vida corrupto e aos escândalos financeiros.Houve então, pela Tunísia, campanha de violência e destruição em um ambiente de  discórdia e a confusão. Mas o exército,  tratou rapidamente de  parar essa onda de destruição, impondo o recolher obrigatório em todo o país.
A maior parte dos países ocidentais, incluindo os EUA e a França, demoraram a reconhecer esta precipitação de acontecimentos. O presidente Barack Obama após a deposição de Ben Ali declarou: “os EUA juntam-se a toda a comunidade internacional para testemunhar este combate corajoso e determinado pelos direitos universais que todos temos obrigação de apoiar”. E continuou: “Recordaremos sempre as imagens do povo tunisino procurando fazer ouvir a sua voz. Aplaudo a coragem e a dignidade do povo tunisino”.
Do mesmo modo, o presidente francês Nicolas Sarkozy, não só abandonou o seu aliado tunisino recusando recebê-lo quando o seu avião se encontrava no ar, como deu ordem aos parentes de Ben Ali residentes em apartamentos de luxo em Paris para abandonarem o país.


O 14 de Janeiro de 2011 tornou-se, sem dúvida, um marco na história moderna do mundo árabe. 


Espalham-se movimentos oposicionistas e protestos públicos contra a repressão política e a corrupção econômica no Egito, na Jordânia, na Argélia, na Mauritâniana,na Líbia, no Iémen e no Sudão. 
O regime do presidente Zein-al-Abidin Ben Ali ( uma ditadura de 23 anos),  representava aos olhos do seu povo não apenas as características de uma ditadura sufocante, mas também as de uma sociedade mafiosa trespassada de corrupção generalizada e de ataques aos direitos humanos.


2- Egito - crise de uma ditadura de 30 anos


O Egito, ou, República Árabe do Egito, localiza-se norte da África, na fronteira com o Mar Mediterrâneo, entre a Líbia, a Faixa de Gaza e o Mar Vermelho do Sudão, incluindo a Península do Sinai.
O Egito foi governado por reis - e até rainhas - por mais de 3.000 anos.
A Riviera do Mar Vermelho se estende por mil milhas ao longo da costa leste do Mar Vermelho. As areias puras e douradas da Riviera do Mar Vermelho são abraçadas pelas águas cristalinas e mornas e seus visitantes podem aproveitar o sol durante o ano todo.
Pouca chuva cai sobre o Egito, então quase todos moram ao longo da única fonte de água,o Rio Nilo. Este rio toca em apenas 4% das terras do Egito, fazendo do Egito um dos lugares mais abarrotadas do mundo.
Cairo, a capital da nação, é a maior cidade árabe e a maior cidade da África. É tão apinhada que as pessoas moram em prédios cuja construção nem está terminada ainda. Apesar de tudo, os egípcios são conhecidos por seu ótimo senso de humor e hospitalidade.
CIDADES DO EGITO (PRINCIPAIS)Cairo, El Gîza, Alexandria.
Produtos Agrícolas: algodão em pluma, arroz, trigo, cana-de-açúcar, milho, tomate.
Mineraçãopetróleo, gás natural, manganês, sal de fosfato, minério de ferro, urânio, carvão.
Indústriaalimentícia, refino de petróleo, têxtil.


Uma onda de protestos  acontecem no Egito,
 desde o dia 25 de janeiro. 
O atual presidente egípcio, Hosni Mubarak, a 30 anos  dirige o país. Mubarak, como presidente, é o chefe de Estado do Egito, enquanto o primeiro-ministro é o chefe de governo. O primeiro-ministro e o gabinete de ministros são indicados pelo presidente - que pode desfazer esse gabinete e convocar novos membros.
Os manifestantes que foram às ruas da capital, Cairo, e de outras cidades do país, exigem a saída dele do poder.
Os protestos, que se espalham pelo país, têm o objetivo de forçar a saída de Mubarak - no poder desde 1981.
O governo tenta conter os protestos que iniciaram dia 25 de janeiro, através de medidas como toques de recolher e bloqueio de telefonia e da internet. O toque de recolher foi decretado dia 28 de janeiro e vai das 16h (11h em Brasília) às 8h (3h em Brasília). As Forças Armadas já pediram à população egípcia que evite participar de manifestações públicas e respeite o toque. Parte da telefonia celular no país vai sendo gradualmente restaurada, mas a internet ainda está bloqueada.
Os egípcios se queixam do desemprego, da corrupção e do autoritarismo. Um funcionário do governo norte-americano disse que os protestos são 'uma grande oportunidade' para que Mubarak, um dos principais aliados dos EUA na região, promova reformas políticas.


Segundo o site de  Zero Hora: Uma receita explosiva para qualquer governante desafia o ditador do Egito, Hosni Mubarak: inflação de dois dígitos, desemprego, corrupção endêmica e sistema político asfixiante. Os jovens, maioria no país e sem perspectivas de melhoria de vida, engrossam os protestos contra o regime de Mubarak, que já dura 30 anos.
Veja a cronologia:


De 17 a 20 de janeiro de 2010:Tudo teve início quando em  homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.


Dia 25 de janeiro:
Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26 de janeiro:
As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27 de janeiro:
Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28 de janeiro:
O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reform
as.



Dia 29 de janeiro:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

Dia 30 de janeiro:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.

Dia 31 de janeiro:
O movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior — responsável pelas forças de segurança — foi substituído.

O exército anunciou que não usará a força contra os manifestantes e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.

Curiosidade:

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