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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Levantes no mundo árabe

Parte 2

Continuam os conflitos no Egito.

Confiram o resumo dos principais episódios até a queda do  presidente egípcio Hosni Mubarak.

Dia 1º de fevereiro de 2011:  No oitavo dia de intensos protestos anti-governamentais, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas de todo país protestando contra o governo, na chamada "Marcha do Milhão". Os conflitos podem ter deixado cerca de 300 mortos, segundo a ONU. No poder desde 1981, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, garantiu que não irá tentar a reeleição, em discurso transmitido pela emissora de TV estatal.  (ZERO HORA)
 Pouco antes da “marcha dos milhões”, o Exército anuncia que “reconhece as reivindicações legítimas do povo” e que “não usará força para reprimir protestos pacíficos”. Durante o dia, um milhão de pessoas se reuniu na Praça Tahrir, dando início ao maior protesto contra Mubarak desde o início do levante. De noite, Mubarak anuncia que não concorrerá nas eleições de setembro e afirma que, no resto de seu mandato, “responderá às demandas do povo”.


Dia 02/ 02 /2011:  Os apoiadores civis de Mubarak vão às ruas com cavalos e chicotes enfrentar os protestos opositores. A oposição continua sua mobilização.

O exército pede o fim dos protestos, mas os manifestantes voltaram à Praça Tahrir no fim da manhã para continuar os pedidos pela renúncia de Mubarak. 
Em pouco tempo iniciam-se os confrontos entre os dois grupos que  atiravam paus e pedras uns nos outros e há relatos de que os partidários de Mubarak invadiram a praça montados em camelos e cavalos. Horas depois do início dos combates, o Exército interferiu. Os quartos de repórteres estrangeiros, inclusive o do Estado, são invadidos pela polícia, que buscava câmeras.


Dia 03/02/2011:  Os enfrentamentos adentram a madrugada. O novo premiê egípcio, Ahmed Shafiq, pede desculpas pela violência no dia anterior. Em entrevista à TV estatal, o vice-presidente Omar Suleiman convida a Irmandade Muçulmana para um diálogo nacional e critica a rede de TV Al-Jazira. A quinta-feira também é de violência para jornalistas estrangeiros no Cairo. Partidários do regime cercam o hotel onde a maioria dos repórteres está hospedada. Há relatos de prisões, abusos de autoridade e confisco de material. Dois jornalistas brasileiros, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) passam a noite na cadeia.

Manifestantes
Dia 04/02/2011: A oposição continua desafiando a repressão e 100 mil pessoas se reuniram na praça Tahrir, no Cairo. Os manifestantes batizaram esta sexta de o “Dia da Partida”. O ditador não caiu, mas seu governo cedeu e pediu que a oposição entregue um documento com suas principais exigências, o que foi considerado um sinal de fraqueza. Em Washington, Obama elevou o tom e os EUA começaram a negociar um plano para tirar Mubarak de cena, instaurar um governo de transição e encerrar a crise, segundo o jornal The New York Times.


Dia 05/02/2011:  Após 12 dias de protestos, a alta cúpula do Partido Nacional Democrático (PND), legenda governista do Egito, renunciou. Entre os dirigentes que caíram estão Gamal Mubarak, filho do presidente Hosni Mubarak, e Safwat el-Sharif, secretário-geral do partido. Hossam Badrawi assumirá o posto de El-Sharif. O primeiro-ministro, Ahmed Shafiq, disse que a estabilidade está sendo retomada no país, e se mostrou confiante de que haverá uma solução para a crise sem a saída imediata de Mubarak.


Dia 06/02/2011:   Governo se reúne para negociar com a oposição e oferece uma série de concessões, como o fim do estado de exceção, a formação de um comitê para reformar a Constituição, a libertação de prisioneiros políticos e fim das restrições à imprensa. Os opositores, porém, saíram descontentes com as concessões e seguiram pedindo a renúncia de Mubarak e a dissolução do Parlamento.

Dia 07/02/2011:  As reuniões entre governo e oposição seguem, mas sem muitos avanços. A administração de Mubarak realiza sua primeira reunião ministerial desde a queda do gabinete e decide pelo aumento do salário de funcionários públicos. O executivo do Google e ativista, Wael Ghonim, é libertado após quase duas semanas preso, o que teria grande influência nos protestos no dia seguinte.

Dia 08/02/2011:   Ghonim dá uma entrevista emocionante a uma televisão local e discursa para os manifestantes na Praça Tahrir. Os protestos ganham novo fôlego. Suleiman segue com as negociações com os opositores, mas as forças políticas contrárias a Mubarak não se dão por satisfeitas com as propostas do governo.

Dia 09/02/2011:   Os confrontos violentos entre os manifestantes e a polícia se espalharam para outras áreas do país. Ghonim, que se tornara símbolo dos protestos, afirma que “hora de negociar já passou”. A Casa Branca volta a criticar o governo egípcio e pede que as autoridades façam mais pelos manifestantes.  O chanceler egípcio, porém, critica os americanos por tentarem “impor sua vontade sobre o governo do Egito”.



Dia 10/02/2011:   Mubarak anuncia que passou seus poderes efetivos ao vice-presidente, Omar Suleiman, que agora tem o poder sobre os militares. A multidão se enfurece e ruma em direção ao Palácio Presidencial e à sede da televisão estatal. Opositores dizem que a revolução egípcia começou.
Hossan Badrawi, chefe do Partido Nacional Democrático (PND), diz que seria surpreendente se Mubarak continuasse no poder até a sexta-feira. O Exército afirma que vai interferir na crise para garantir a “salvaguarda do país” e anuncia que “as exigências dos manifestantes seriam atendidas”. Um pronunciamento de Mubarak anunciando sua renúncia é esperado para as 22h locais (18h em Brasília). O número de manifestantes na Praça Tahrir aumenta, bem como a presença militar no centro do Cairo.


Dia 11/02/2011:

Hosni Mubarak cedeu às pressões e por volta das 18 horas locais (14 horas em Brasília), o vice-presidente Omar Suleiman vai à televisão estatal e anuncia: “O presidente Hosni Mubarak deixa a presidência e delega os assuntos do Estado ao Conselho Supremo das Forças Armadas”. A ditadura de 30 anos de Mubarak termina. 
Em êxtase, a oposição e os egípcios foram às ruas comemorar e celebrar em clima carnavalesco a vitória pacífica da sua "Revolução Branca". Na praça Tahrir (Libertação), epicentro dos protestos, as pessoas se abraçavam, mal conseguindo acreditar que o "Faraó" havia sido derrubado.

Referência bibliográfica:

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